12 de dezembro de 2014

A Censura discreta

Em Portugal, os órgãos de comunicação social privados pertencem a cinco grandes grupos económicos que condicionam jornalistas.

Continuando o tema da publicação anterior, aborda-se neste texto, para alem do condicionamento da opinião pública o condicionamento dos Jornalistas.
O papel da Comunicação dita Social, ou dos média, na "formação de opiniões" é conduzida por interesses económicos e é tratada como mercadoria, a "produção de conteúdos". Mas que conteúdos? Conteúdos que, para além da frivolidade, encerram valores, ideologias e opiniões muito condicionados. As opiniões e pontos de vista que a generalidade dos media veiculam são sempre limitados a uma concepção política, ideológica, social e cultural do "pensamento único", dos interesses da classe no poder que coincidem com os interesses dos grupos económicos proprietários dos média.

Dizem todos o mesmo...

Qualquer telespectador, leitor ou ouvinte mais atento repara que quase todos dizem o mesmo, quer sejam as notícias ou as opiniões dos comentadores. Por vezes parecendo haver discordâncias essas são menores, de forma e não de conteúdo. A ideia transmitida vai sempre parar ao mesmo. "Não há alternativa... Temos que aguentar". Tudo isto acompanhado por fortes doses de anestesia com as notícias dos crimes ou programas para entreter. Não se estimula a análise. Os telespectadores, os ouvintes ou leitores recebem a toda a hora doses maciças de informação superficial, descontextualizada, sem análise para que não se saiba o porquê das coisas. O que é dito é como se fosse uma verdade absoluta. Não se perspectivam alternativas. 
Quem não procura informação alternativa, jornais de esquerda, sites na Internet que ofereçam confiança, e outras, está condenado a só saber o que esses média querem que se saiba e da forma como eles querem. É assim que as pessoas são moldadas por esta máquina infernal do capitalismo que nos explora porque deixamos. E deixamos porque nos convencem que não há alternativa.



Os jornalistas explorados e os sem... ética

A agravar este problema, os jornalistas que dantes tinham alguma independência, hoje raros são os que mantêm a sua tradicional ética. A precariedade aumenta, como aumenta o trabalho não remunerado de estagiários. A maior parte recebe em função do que é publicado. Se o chefe ou patrão não gostam é muito provável que o trabalho não seja remunerado. A liberdade dos jornalistas quase não existe uma vez que os editores têm poderes para decidir sobre aquilo que é publicado e como é publicado. 
O Estatuto dos Jornalistas regulamenta, a favor dos editores, as opiniões e os diferentes pontos de vista dos jornalistas.


Exige-se que a comunicação social seja "pluralista, democrática e responsável" que promova a informação e formação, com liberdade de opinião. Os média deveriam ter o papel de estimular a participação cívica em todos os assuntos da sociedade e promover a transparência da vida política, o controlo democrático da acção dos órgãos de poder. 
Para a necessária participação na vida política, os cidadãos devem conhecer as realidades, as alternativas e opções para a solução dos problemas nacionais. Devem saber pensar e tomar consciência dos seus interesses e direitos. Para isso os média teriam que ser um meio para a elevação do nível cultural da população, o estímulo para a assumpção dos valores que o 25 de Abril nos transmitiu, a solidariedade, a amizade a paz e compreensão entre os povos.




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