8 de maio de 2011

O embustão

A esperteza que tem resultado. 

No Jornal online do Barreiro vi publicado um artigo de Armando Teixeira sobre uma velha técnica, que muitos políticos no poder utilizam, infelizmente com sucesso, para convencer o povo.

Essa manobra consiste em propagar o boato que "vão ser precisas terríveis e duras duras medidas, para evitar o pior". Depois de todos convenientemente assustados, vêm o "político salvador" dizer que, conseguiu que as medidas, afinal, não sejam tão duras como isso.
Fica o povo aliviado e agradecido.

Em Portugal, essa manobra tem vindo a ser usada pelo governo em diversas situações. Algumas vezes de forma dissimulada. Por vezes o povo percebe e cria várias anedotas.

Há anos, quando ainda havia negociações para os contratos colectivos de trabalho, uns tempos antes da negociação o governo dizia: "Este ano o aumento não pode ser superior a 1%." A CGTP respondia, que isso é "um escândalo pois a inflação foi superior a 4%" e contrapunha 5%. A UGT, menos exigente, pedia 3%. A CGTP protesta pois isso é inferior à inflação. O Governo não cede e diz que a inflação prevista vai ser de 1%. Acende-se a discussão e a UGT baixa para 2.5%. O Governo dramatiza mais a situação e a CGTP convoca greves. O governo "num esforço de muito boa vontade", sobe o aumento para 2%. A UGT concorda e vem a público dizer que conseguiu uma grande vitória pois levou a que o Governo passasse de 1% para 2%.

Muitos dos trabalhadores, enganados, vão atrás da cantiga e dizem: Sim 2% de aumento já é mais razoável. Foi uma vitória pois o Governo queria apenas dar 1%.

Os 5%, que seriam os justos, dada a inflação verificada, foram varridos da memória das pessoas e nunca mais o jornais falaram disso.
As greves foram pouco participadas e, o Governo, discretamente, festeja a vitória com a UGT.

Armando Teixeira descreve esta técnica manipuladora aplicada ao recente acordo com o FMI. (para ver o artigo clique aqui). Neste caso a manipulação é mais requintada pois, o governo, criador da situação, pretende ser transformado no salvador da situação que criou.

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